sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu em 1483, em Eisleben. De família modesta, conseguiu estudar advocacia na Universidade de Eufurt à custa de muitos sacrifícios. Aos 22 anos, depois de profunda crise espiritual, entrou para a Ordem de Santo Agostinho - agostiniano aprofundando-se em estudos de teologia. Viajou para Roma para tratar de assuntos de sua ordem e, na volta, doutorou-se em teologia, em 1512. Ao voltar de Roma, viu-se chocado e perturbado pelo quadro de riqueza, intrigas e futilidade que lá encontrou. Isto o levou a dedicação aos estudos teológicos, procurando satisfazer o seu lado pessoal. Assim chegou à conclusão de que o homem se justifica pela fé, não pelas obras - elaborou a sua doutrina da justificação pela fé. Só Deus pode salvar o homem, vindo a sua alma pela fé. Não o salva a obediência eclesiástica, menos ainda o culto aos santos e às práticas piedosas. A partir de 1516, ele iniciou na Universidade a pregação das suas próprias ideias. A repercussão foi positiva, devido à crise geral por que passava a Igreja.

Dentro desse contexto, Martinho Lutero, frade agostiniano, ataria como ideólogo e catalizador das forças nacionais que forneciam a base de sustentação social-econômica e política da Reforma religiosa na Alemanha, do século XVI.

Desta forma, em 1517, os atritos abertos entre Lutero e a Igreja tiveram início, quando ele se rebelou contra a propaganda e venda escandalosa de indulgências (remissão total da pena a ser paga pelos pecados cometidos), empreendida pelo dominicano Tetzel. Para Lutero, "Só a fé salva"...

Logo após, em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da capela do palácio de Wittemberg suas famosas 95 teses, onde condenava as indulgências, as questões de doutrina e a riqueza da Igreja. Esta manifestação assinala o começo da Reforma Protestante.

De início, Lutero não pensava em romper com a Igreja, mas o Vaticano o excomungou em 1520, por não querer retratar-se, e condenou oficialmente sua doutrina, em 1521, através da Dieta de Worms. É banido do Império. Exilou-se no castelo de Wartburg, onde dedicou-se a traduzir a Bíblia para o alemão.

Enquanto isto, suas ideias semeavam uma verdadeira subversão na Alemanha. A doutrina luterana difundiu-se rapidamente pela Alemanha, deu origem ao anabatismo e a revoltas camponesas. Os príncipes alemães aderem à Reforma luterana, pela possibilidade de poder confiscar os bens da Igreja e como modo de contestar o poder do Imperador Carlos V, que era católico.

Em 1529, Carlos V, devido à expansão das ideias reformistas luteranas, fez a convocação de uma nova assembléia, a Dieta de Spira, que pretendia suprimir as liberdades religiosas aos luteranos. Estes emitiram um "protesto" contra a medida, sendo chamados a partir de então de protestantes.

Os fundamentos da doutrina luterana foram redigidos em 1530, por Lutero e pelo teólogo Felipe Melanchton, na chamada "Confissão de Augsburgo". Esta era baseada nos seguintes pontos: - Escrituras Sagradas, único dogma da nova religião; - fé, única fonte de salvação; - batismo e eucaristia, dois únicos sacramentos mantidos; - livre interpretação da Bíblia; - Submissão da Igreja do Estado, etc.

Os teólogos recusaram-se a aceitar a Confissão de Augsburgo e Carlos V resolveu tomar medidas rigorosas contra os protestantes. Para enfrentar o imperador, os luteranos organizaram a Liga de Smalkade, vencida pelas forças imperiais.

Finalmente, para resolver os muitos conflitos entre católicos e luteranos na Alemanha, em 1555, foi estabelecida a Paz de Augsburgo. Era uma acordo onde "Cujus regis ejus reeligio", (cada príncipe, sua religião), cada príncipe tinha o direito de escolher a sua religião, bem como a de seus súditos.

O luteranismo propriamente dito ficou relativamente circunscrito a Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia. Porém, ao determinar a livre interpretação das Escrituras Sagradas, provocou uma multiplicidade de seitas, que até hoje se dividem e subdividem exponencialmente, pois cada interpretação pode dar lugar a um tipo de igreja reformada. Logo, outras seitas protestantes propagaram-se e aumentaram ainda mais a cisão da Igreja cristã.

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