domingo, 15 de julho de 2012

Figuras de Linguagem

1. Comparação: consiste em estabelecer, entre dois seres ou fatos uma relação de semelhança, atribuindo a um deles características presentes no outro.

"Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há pássaros."

2. Metáfora: emprego de uma palavra com sentido diferente do sentido usual, a partir de uma comparação subentendida entre dois elementos.

"O circo era um balão aceso com música e pastéis na entrada."
"A história é um carro alegre cheio de um povo contente..."


3. Catacrese: consiste em denominar algo (um objeto, uma ação etc.) usando impropriamente uma determinada palavra, por não haver outra mais adequada.

-Uma perna da velha mesa está quebrada.
-Para temperar a carne, o cozinheiro usou alguns dentes de alho.
-Logo que os passageiros embarcaram, o avião decolou.

4. Metonímia: substituição de uma palavra por outra, quando entre elas existe uma proximidade de sentidos que permite esta troca.

O estádio aplaudiu muito os dois times (estádio substitui torcedores. A troca foi possível porque o estádio contém torcedores.)

Tudo o que ele tem foi conquistado com seu próprio suor (suor - o efeito substituiu trabalho - a causa...)

Na torre da igrejinha, o velho bronze soava melodicamente. (bronze - o material substitui sino - objeto feito de bronze).

Ele gosta de ler Machado de Assis. (Machado de Assis - o autor substitui a obra)

5. Personificação: consiste em atribuir a seres inanimados; ou em atribuir características humanas a seres irracionais.

"Árvores encalhadas pedem socorro."
"O céu tapa o rosto."

6. Antítese (e paradoxo): consiste no uso de palavras (ou expressões) de significados opostos, com a intenção de realçar a força expressiva de cada uma delas.

"Dia ímpar tem chocolate
 Dia par eu vivo de brisa
 Dia útil ele me bate
 Dia santo ele me alisa

 Longe dele eu tremo de amor
 Na presença dele eu me calo
 Eu de dia sou sua flor
 Eu de noite sou seu cavalo
                                 ( Chico Buarque)

obs: Paradoxo é um tipo particular de antítese em que as palavras opostas exprimem ideias que se negam reciprocamente. Isso ocorre, por exemplo, na expressão "Claro enigma", título de um livro de Carlos Drummond de Andrade.

"Amor é fogo que arde sem se ver;
 É ferida que dói e não se sente".
                                 (Camões)

7. Hipérbole: exagero intencional, com a finalidade de intensificar a expressividade e, assim, impressionar o ouvinte (ou leitor).


"Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva".
                                  (Machado de Assis)

8. Eufemismo: figura por meio da qual se procura suavizar, tornar menos chocantes palavras ou expressões que são normalmente desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.


João partiu desta para uma melhor.
O rapaz era amigo do alheio.


9. Ironia: figura por meio da qual se enuncia algo, mas o contexto permite ao leitor (ou ouvinte) entender o oposto do que se está afirmando.


"Moça linda, bem tratada,
 Três séculos de família,
 Burra como uma porta:
 Um amor"!


10. Gradação: consiste em uma série de palavras ou expressões em que o sentido vai se intensificando continuamente.


"Seu Irineu pisou no prego e esvaziou. Apanhou um resfriado, do resfriado passou a pneumonia, da pneumonia passou ao estado de coma e do estado de coma não passou mais. Levou pau e foi reprovado".


11. Onomatopeia: recurso de expressão por meio da qual se procura reproduzir determinado som ou ruído.


"A gente tirava a roupa inteirinha, trepava no barranco e tichbum - baque gostoso na água."


12. Aliteração: consiste em repetir um mesmo som consonantal em uma sequência de palavras para criar um efeito expressivo de sonoridade.


A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia!


13. Elipse (e zeugma)


Elipse: é a omissão, a não - colocação de um termo que o contexto permite ao leitor ou ouvinte identificar com certa facilidade.


"Ando devagar porque já tive pressa
 Levo este sorriso porque já chorei demais."


Nesses versos há a elipse do sujeito eu.


Zeugma: é um tipo particular de elipse que consiste na emissão de um termo já empregado na frase.


"O galo come milho
 O urubu, esterco."
(Zeugma do verbo comer)


14. Pleonasmo: consiste em intensificar o significado de um elemento do texto por meio da redundância, isto é, da repetição da ideia já expressa por esse elemento.


"Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manhã já estivesse avançada). Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso
                                                        /da noite".


"Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma.


15. Polissíndeto: emprego repetitivo da conjunção (geralmente e ou nem) entre as orações de um período ou período ou entre os termos de uma oração.


"É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som sai voando em ondas mansas sobre as matas e os serrados, e as veredas de buritis, e a melancolia do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas mansas sobre os campos, o som do sino de ouro."


"Não tinha havido pássaros nem flores o ano inteiro.
 Nem guerras, nem aulas, nem missas, nem viagens e nem barca e nem marinheiro."


Um recurso oposto ao polissíndeto é o assíndeto que consiste em omitir, entre duas orações, a conjunção que poderia ligá-las.


"Acordo para a morte.
 Barbeio-me, visto-me, calço-me."


16. Anáfora: consiste na repetição de um vocábulo (ou expressão) no início de uma sequência de orações ou de versos.


"Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
 Que ninguém mais merece tanto amor e amizade

 Que ninguém mais deseja tanto poesia e amizade


 Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade."


17. Anacoluto: ocorre quando a frase sobre uma desarticulação repentina em sua estrutura e, em consequência disso, passa a apresentar um termo sem função sintática alguma.

"/Essa sua mania//suas preocupações com detalhes/ me irritam!"

              ?                          sujeito                               o.d   vtd


18. Silepse (concordância ideológica)


Consiste em estabelecer a concordância entre palavras levando em conta as ideias
que elas exprimem, e não sua forma gramatical.
Na silepse, portanto deixa-se de lado a concordância gramatical e utiliza-se uma concordância mental. Como essa concordância pode envolver o gênero, o número ou pessoa gramatical das palavras, podem ocorrer três tipos de silepse.


Silepse de Gênero: caracteriza-se por uma divergência gramatical envolvendo os dois gêneros (masculino e feminino).


/Vossa Excelência /senhor prefeito, está /enganado/.
        feminino                                            masculino
                            Silepse de Gênero


A expressão "vossa excelência" é feminina, mas no exemplo acima, por se referir a um homem (prefeito), ela contém uma ideia de masculino. O falante então, faz a palavra enganado concordar não com a forma feminina de "vossa excelência", e sim com a ideia de masculino que essa expressão contém.


Silepse de Número: caracteriza-se por uma divergência de forma entre os dois números (singular e plural).


A platéia ficou extasiada com a belíssima apresentação da orquestra sinfônica e, no final do concerto, aplaudiram de pé o maestro e os músicos.


A platéia      <silepse de número> aplaudiram
sujeito no singular                         verbo no plural


Nesse caso a concordância da forma verbal aplaudiram (plural) se fez não com a forma da palavra platéia (singular) e sim com a ideia de plural contida nela (platéia = muitas pessoas).


Silepse de pessoa: nesse caso, ocorre uma desuniformidade das pessoas gramaticais (primeira, segunda e terceira) envolvidas no processo de concordância. Compare, por exemplo, estas duas construções.


/Os jovens//precisam/ participar mais da vida
3° pessoa     3° pessoa


/Os jovens//precisamos/ participar mais da vida política do país.
3°pessoa      1°pessoa


Nesse tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os componentes de um sujeito em terceira pessoa. No exemplo, o falante usou os jovens, mas pensou nós (eles + eu) e fez a concordância do verbo com esse pronome. Assim: os jovens + eu = nós > precisamos.


Acredito que /todos//estejamos/ de acordo.
                  3°pessoa  1°pessoa

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